terça-feira, 6 de julho de 2010

Ser ou não ser? Não dá para ser os dois?




A ilusão de ser alguém que ainda nem estamos realmente preparados para ser, pode criar certos constrangimentos. Quando conclui meu curso de Formação em Yoga, minha professora disse que eu estava preparada para ser instrutora. Mas eu sabia, intimamente que não. Eu tinha uma habilidade, que ainda preservo, para que eu aprenda com ela: a de mostrar uma segurança que nem sempre possuo totalmente. Tenho aquilo que chamam de excesso de autoconfiança. Isso sempre me ajudou a conquistar algum espaço na vida e passar a impressão de ser como a rocha de Gibraltar (um ex-namorado escreveu isto ao se referir a mim, é uma rocha majestosa que fica bem na entrada do Mediterrâneo!). Meu ex- marido já falou diferente: sou uma fachada. Hoje quando lembro, acho engraçado, porque ele de certo forma tinha razão. Mas eu não fazia isto de modo consciente. Eu precisava me aprovar antes do outros o fazerem. Todos nós temos os nossos mecanismos de autoproteção, de preservação da nossa identidade (ou melhor, do ego e que é conhecido como Ahamkara).

Saí da formação com a nítida impressão que o chamado do Yoga não era para mim, não naquele momento, com aquele primeiro contato de 12 encontros mensais. E olha que eu já estudava sobre esta filosofia (é muito mais que isso) uns 5 anos. Só que já havia montado um espaço em Curitiba, junto com outra professora. Estava ainda trabalhando numa empresa de informática, quando aluguei a casa e reformei-a toda para que se tornasse um local de prática e outras terapias afins, e que duraram 8 meses. Nem cheguei a dar aulas no espaço, só a minha sócia. Decidi que não era em Curitiba que eu iria trabalhar com Yoga. Larguei um emprego de quatro anos, depois do papo com a minha terapeuta, quando ela perguntou se eu queria morrer, já que estava somatizando outras doenças em meu corpo. E o medo até que nos impulsiona, não é mesmo? Foi assim que vim para Natal. Abracei o medo e fizemos a mala!

E meu primeiro constrangimento em Natal foi quando meu único aluno em dois meses de aula, falou um dia para mim, quando contei que era formada em economia e já trabalhei em empresas: pensei que você sempre fora professora de yoga. O pior foi quando ele me viu com um namorado, uns meses depois, e achou estranho, pois pensava também que eu já tinha renunciado ao sexo, ou seja, era uma Brahmacharin. Já me pararam algumas vezes na rua me perguntando se eu era professora de yoga. Fico impressionada com a capacidade que temos de não discernir o real do ilusório. O estudo e prática do Yoga nos ajuda a expandir o nosso discernimento (Viveka).

Também tem a tal da imagem do professor de yoga: alguém magro e com olhar de peixe morto. Acho que foi isso que aconteceu comigo. Preciso ficar mais gordinha, como a minha mãe já recomendou!

Peço compreensão a minha professora que se esforçou e ainda se esforça para que o Yoga seja a fonte de inspiração de todas as nossas atitudes, pensamentos e ações. Eu, francamente, desejo isso para mim e para todos que buscam a si mesmos. Entretanto, ainda não consigo evitar ter dúvidas, ir adiante com elas e, de repente, parar, voltar alguns passos atrás, ajeitar o passo, e continuar o caminho. É isso que estou fazendo agora! Estou tecendo uma nova trama na minha vida. Sinto como se fosse um pescador, tecendo a rede, jogando ao mar e aguardando o dia amanhecer. Descobri que ainda tenho que vir-a-ser!.

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