terça-feira, 6 de julho de 2010

O Caminho é feito de Passos ou os Passos são o Caminho?


Como podemos avançar? E as encruzilhadas, quem as colocou no meio do caminho? Eu sempre quero mais e mesmo que ainda tenho pouco a oferecer sei que posso ir aprendendo com o fazer. Veio então um pequeno desejo de repassar o que aprendi até agora com o Yoga. Pergunto a minha que me formou se isto é possível, se ela me permite, pois não teria como trazê-la até Natal todos os meses, durante um ano, para dar um curso de formação. Além do mais eu apenas tinha alguns anos de formação. Ela disse que eu poderia fazer isto, e com certeza eu seria honesta em passar apenas o que sabia. Os mestres me abençoavam então. Poderia contar com a sua presença algum módulo do curso. E foi assim que aconteceu o meu primeiro Curso de Yoga em Natal.

Só que não me sentia ainda preparada o suficiente. Arrisquei, mas chamei alguns instrutores de yoga para dividir a árdua tarefa de formar instrutores de Yoga. Também tive ajuda de outras pessoas, especialmente uma que para mim representou um anjo da guarda em Natal, uma médica que fazia parte do movimento Hare Krsna.

O curso teve uma excelente procura, e muitos participantes eram meus conhecidos, alguns, alunos de yoga. E no dia que antecede o curso, acontece algo que eu poderia ter chamado de mais uma “experiência gratificante” se não fosse por ser uma porta de madeira maciça batendo direto no meu rosto e me derrubando no chão por uns bons 15 minutos. Inacreditável, mas aconteceu. Fui literalmente derrubada e tenho certeza que foi do meu pedestal de arrogância (sempre!). Lembro que uma amiga disse quando me viu estatelada no chão: “nossa você ficou mais simpática depois da portada!” Estava muito séria. Eu tenho isso, quando estou envolvida com alguma coisa, fico carrancuda, fechada. Infringi algumas leis básicas do bom relacionamento e recebi o que eu posso dizer de um “chega prá lá” não muito sutil, mas também só assim que eu poderia perceber o que estava acontecendo.

Senta que lá vem a história! Em 2008 entreguei a casa que havia alugado para fazer o espaço de Yoga. Destruí a Chouprana, porque poderia virar uma churrasqueira ou uma forrozeira. E como meu lado Shiva é muito forte, destruí toda e qualquer ilusão criada por mim em relação a ser professora de yoga. Ou pensei que havia feito isso. Fui para o sul e fiquei alguns meses por lá, curtindo o filho e montando o curso que iniciaria em fevereiro de 2009. Enquanto isso um novo local para a Casa de Yoga estava sendo construído em uma cidade próxima à Natal. Quando retornei, um mês antes de começar o curso, ao chegar ao novo local percebi que tinham muitas coisas a serem feitas para que o espaço estivesse adequado para receber os alunos. E coloquei a mão na massa, junto com meu grande irmão espiritual (aquele que me ajudou a construir a chouprana) e um amigo e professor de yoga de Curitiba.

Eu tenho uma coisa dentro de mim. Todos nós temos. Eu sinto como se fosse um rolo compressor e geralmente isto aparece quando tenho um objetivo bem claro à minha frente e, as coisas, as pessoas, ao redor não estão na mesma frequência. Para mim, que abri mão de estar com meu filho e minha família e vir recomeçar uma história sozinha em Natal, era justificável que eu tinha que fazer tudo para que este curso fosse bem realizado. E foi aí que vacilei. Passei por cima de energias que eu não conhecia. Não acredito que eram do mal, mas não queriam ser incomodadas. Esqueci o respeito aos que me antecederam e tomei a frente, como se fosse meu, algo que jamais me pertenceria. E recebi um aviso que ali não era meu lugar. Sai de fininho, agradecendo e orando, porque não sabia mais o que fazer.

E para confirmar este meu pressentimento, dois dias depois da “derrubada” eu peguei uma carona com um grande amigo e professor de yoga na sua fiorino e fui na parte de trás, no camburão, por assim dizer. De repente ele me passa numa lombada, estava chovendo muito e não dava para ver, e eu sofri um impacto de baixo para cima na minha sacro-ilíaca, de novo! Vi estrelas das mais diversas constelações e uma que pareceu bem maior, como um sinal da minha imprudência.

O curso aconteceu entre altos e baixos, pois tive que encontrar outros lugares para que ele se realizasse. Passei o ano todo carregando almofadas, tapetes, panelas, pratos, computador, projetor, etc de um lugar a outro. Ano inesquecível, pois mudei quatro vezes de endereço, sendo que em um deles fui gentilmente despejada e em outro fui assaltada, que também é uma forma não tão gentil de despejo. Meu filho foi diagnosticado com um problema sério na coluna e meus pais fizeram um “peeling” forçado (como minha irmã mais velha brincou) num um acidente com fogão. E eu longe sem poder fazer nada. Para piorar fiquei quase seis meses sem dar aula de yoga (por causa do trauma na coluna). Acredito que só consegui terminá-lo porque tinha muita gente me apoiando.

Aprendi que nossos passos mesmo inseguros, quando imbuídos de um propósito maior que o umbigo, nos ajudam a chegar a um lugar tranquilo dentro de nós. Reconheci muitos trabalhadores da luz, como diz o pessoal da Fraternidade Branca. Pessoas disponíveis e felizes por me ajudarem a atravessar o lamaçal das minhas dúvidas e medos. E também porque acreditam mais do que eu mesma, o poder de transformação do Yoga. A eles meu sentimento mais puro de amizade e gratidão, pois conseguiram chegar ao fim desta jornada, pelo menos em 2009. Sem os caminhantes o caminho não existe!

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