quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Pélvis quem tem? Só Elvis.




Esta frase eu escutei em uma dessas conversas filosóficas na TV. Quem disse isso afirma que as pessoas estão todas congeladas na pélvis. Comecei este texto lembrando isto para falar do meu quadril. Tenho um quadril falante. É verdade! Ele conversa comigo há muitos anos. No começo eu não prestava atenção, só que com o passar do tempo foi piorando e começou a berrar.

Já falei das minhas ”instabilidades sacro-ilíacas? Primeiro foram os passos, maiores que a perna, que eu sempre dei na vida. Sempre fui impulsiva, muito ar nas ideias, muita criatividade, muita iniciativa e pouca “acabativa”. Depois, foram os “pés na bunda”, que já contei anteriormente, e também do que alguém já falou: “um pé na bunda até que bota a gente pra frente”. Mas meu quadril fala e, às vezes, grita, como aconteceu num dia desses. E agora tenho certeza que sei porque ele faz isso.

Lendo sobre os sintomas das doenças e seus significados num dos livros de Rüdiger Dahlke, descobri que quando temos problemas nesta articulação é porque damos passos que não sustentamos e caminhamos apenas externamente. A cura está em dar passos menores e para dentro de si. Este, sim, foi uma tapa de luva de pelica. Passou um filme na minha cabeça. Toda a minha vida eu construí em cima de passos cambaleantes. E mesmo assim eu me assombro de como fui longe, tão longe que abri uma distância entre que realmente sou e que eu pareço que sou. Louco isso, mas todo mundo faz. Eu sempre achei que estava andando na direção da minha liberdade e acabei prisioneira das minhas suposições a respeito de ser livre.

Ter um quadril falante é uma experiência muitas vezes dolorosa, mas necessária no meu caso. Eu já estava fazendo mil planos de mudança na minha vida quando ele “ardeu” e me prostrei diante da dor e da impossibilidade de dar mais um passo para fora do mim. Eu me empolgo muito, mas hoje tenho aprendido a “escutar” outras vozes que não a minha.

Conversando com meu amigo osteopata sobre este assunto, ele também expressa que problemas de quadril refletem a falta de “jogo de cintura”, quando há muito rigidez na articulação provocando a sua imobilidade. E o contrário também é verdadeiro: o excesso de jogo de cintura deixa a articulação solta e ficamos “descadeirados”. Esse negócio de prender e soltar tem que ter um limite! Os problemas surgem quando ultrapassamos esses limites ou restringimos demasiadamente as possibilidades de ir além. É o famoso caminho do meio e o quadril é o meio do corpo, por assim dizer.

Segundo Ida Rolfing, neste local (articulação sacro-lombar) é onde o corpo encontra sua estabilidade, o equilíbrio apropriado que permite o seu movimento coordenado. Ela continua, citando que na visão da antiga fisiologia tântrica indiana, a pelve é reconhecida como a área que conserva a energia vital, a sede da Kundalini. Ela (a pelve) é importante para os praticantes de yoga, porque através das práticas yóguicas pode-se mobilizar um grande potencial de energia e que bem direcionada leva a estados de lucidez e de presença. Por isso que só Elvis tinha pélvis!

Neste momento agradeço meu quadril por dar seus berros e “restringir” meus impulsos. Volto minha atenção a esta articulação que sustenta os meus passos e me ensina que viver é ser, estar e permanecer, ou seja, ser quem eu sou, estar feliz onde eu estiver e permanecer em paz haja o que houver.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Os chakras e a paixão!




Em uma das aulas de yoga trago um assunto que interessa meus alunos: os chakras. Explico que cada centro energético está relacionado com um elemento: o primeiro chakra (sobrevivência, tribo, família) é terra. O segundo chakra (relacionamentos, sexualidade) é água. O terceiro chakra (poder, ego, auto-estima) é fogo. O quarto chakra (amor, compaixão) é ar. O quinto chakra ( expressão verdadeira, capacidade de colocar as palavras em ação) é o espaço ou éter. E como a aula era sobre o quarto chakra, fiz uma pequena ilustração de como estes chakras estão correlacionados numa situação hipotética em nossas vidas: a paixão. Expliquei aos meus alunos que quando nos apaixonamos, ficamos nas nuvens e a primeira coisa que fazemos é tirar os pés do chão, da terra. Acabamos com a terra (primeiro chakra) e ficamos enredados nas emoções (segunda chakra – água). O nosso “fogo” aumenta (terceiro chakra) e queremos “dominar” o outro com a nossa paixão e assim “sufocamos” (quarto chakra – ar) e deixamos o outro sem ar e ainda falamos que o amamos, ou seja, expressamos algo e agimos de outra forma (quinto chakra – éter ou espaço). Quando não há espaço para o amor o ar não se propaga. E quando o ar acaba, o fogo não tem mais como fazer a combustão e ele apaga. Começa a desilusão e nos derretemos em lágrimas (água) e voltamos à “dura” realidade (terra). Falei para meus alunos que “damos com a cara no chão”. Ficaram surpresos e expressaram um pouco de revolta com a minha linha de pensamento, mas perceberam que é isso mesmo que acontece.

Como é bom se desiludir, já disse Prof. Hermógenes. E como fazemos para mantermos nossos centros energéticos em equilíbrio? Bom, precisamos sentir o que nos move, qual chakra nos impulsiona, pois muitas vezes agimos sempre a partir deste centro e causamos desequilíbrio nos demais. Bater com a cara no chão, na porta ou em algo duro sempre nos traz para a realidade e a possibilidade de quebrar alguns ossos. Chorar até se debulhar é um processo de limpeza, purificação também pode nos deixar mais amolecidos. Aquecer o coração é bom, mas arder em chamas pode ajudar a torrar o ego e causar também uma úlcera ou coisa pior. Falar para se convencer que é verdadeiro e não agir nesta direção é perder a energia mais valiosa que temos: a palavra, e ainda por cima, dar com a língua nos dentes. Aí é que entra o discernimento que vibra no centro da testa e nos fazer “ver” com clareza as nossas insanidades. Desenvolver o bom senso é sempre a melhor coisa a fazermos e fique atento: quando há muita empolgação, aquela alegria desmedida que dá até vontade de dar uns saltinhos, talvez aí more o desequilíbrio. Pode dar os pulinhos, mas caia firme no chão, alinhe sua emoção, oriente seu poder, abra espaço em seu coração e expresse a sua natureza amorosa para que o seu sexto chakra (terceiro olho) possa a “ver” o que realmente é verdadeiro. E depois é só ir para abraço luminoso do sétimo chakra e se unir aos deuses que criaram a Paixão: Shiva e Sakti!