terça-feira, 6 de julho de 2010

A cabeça afunda ou você funde a cabeça?

Meu caminhar no Yoga não foi linear, mas também não foi quântico. Foi meio que aos “trancos e barrancos”, por assim dizer. Ouvi falar sobre Yoga através de uma grande amiga que praticava e que já foi brilhar em outros mundos. Teve uma presença curta na Terra, mas deixou um lindo rastro de luz e que hoje me chama de tia. Somente em 1997 que iniciei a senda. Até aquele ano era improvável que eu praticasse, pois pensava que precisava muita paciência e eu não tinha nenhuma, nem comigo e nem com ninguém. Mas um fato me fez procurar esta que se tornou hoje a minha maneira de pensar e sentir a vida.

Aquele ano estava começando bem, profissionalmente falando. Mas não tão bem em outros aspectos, pois me separei e comecei a desenvolver um início de câncer de útero. Um dia estava fazendo massagem com uma amiga e ela sempre fazia um pouco na cabeça. Era muito relaxante. Depois de uma semana fui fazer outra massagem e ela observou que a minha cabeça afundou, bem no topo (na moleira). Eu tinha sentido algo no fim de semana, uma espécie de formigamento na cabeça, mas não me importei. Ela ficou assustada e chamou um terapeuta, dono da clínica onde ela trabalhava para que ele fizesse um diagnóstico. Era iridiologista (alguém que te orienta através da leitura dos olhos) e disse bem sério, olhando no fundo dos meus olhos: você está perdendo energia pela cabeça. Vá fazer yoga! E eu disse que já tinha programado umas férias na praia. Então ele me orientou para que eu ficasse descalça na areia com as pontas dos pés unidas. Claro, que não entendi nada, mas no desespero a gente obedece. Depois das férias comecei a praticar yoga e já em seguida descobri a doença silenciosa em meu útero.

Eu digo de novo porque alguém já disse antes: ou vai pelo amor ou vai pela dor. Então conheci o Yoga pela dor. E naquele ano praticava duas vezes por semana e comecei me envolver com as pessoas do espaço que frequentava. Fiz um curso de massagem indiana e me tornei vegetariana. E decidi, junto com alguns alunos de lá, ir para Natal e montar uma franquia desta linha de Yoga.

Posso dizer que aos olhos da família eu tinha ficado louca. Em menos de 6 meses fiz tudo isso. Larguei o trabalho de consultoria em uma grande empresa, vendi meu carro e em março de 1998 estava em Natal. Minha mudança viria depois. Bom, não foi tão simples assim, porque meu filho tinha três anos na época e não pude trazê-lo comigo no início. Só que a vontade de mudar tudo era tão grande que não conseguia evitar e acho que faria tudo de novo. Eu estava tão decidida e isto é o que assustava mais as pessoas. Eu não sabia que estava começando a tal jornada do Herói.

Chegando a Natal, conheci duas pessoas importantes naquele ano. Um amigo e uma grande paixão. O amigo continua sendo até hoje. A paixão, como todas, durou o seu tempo e teve seus frutos, que já apodreceram. A história da franquia também durou pouco, menos que a paixão. Descobri que estava seguindo pessoas e não o caminho do Yoga. Ainda bem que consegui separar isto dentro de mim. Sabe aquilo de ficar fazendo puja (ritual de agradecimento) durante as aulas para pessoas que você nem conhece direito? Visualizar seus nomes em letras garrafais na cor dourada e enviar-lhes toda gratidão? Eu não confiava muito nesta história, nunca tinha feito isso para os meus pais, porque iria fazer para estranhos? E também conheci um lado do meio do Yoga que até hoje me incomoda: o preconceito. Achar que a sua linha, o seu mestre, é que está certo, me assusta muito.

Acabei me desligando destas pessoas e descobrindo que o mais importante era estar com meu filho, mesmo assim ainda sofri alguns infortúnios por parte destas “mui amigas”. Depois de quatro meses elas me procuraram pedindo ajuda e é neste instante que eu vejo a roda girar.

Dei a volta por cima, como faço sempre, sem deixar de “rodar a baiana”, e aí percebo o propósito dos acontecimentos, só que isto leva algum tempo para aceitar. E já que estava na terra do sol, porque não ficar mais alguns meses e curtir um pouco este paraíso? Meu filho já estava comigo, então resolvi ficar em Natal e logo em seguida consegui um emprego. Tudo durou exatamente nove meses. O tempo de “engravidar” Natal dentro de mim. Retornei para Curitiba e fiquei cinco anos fazendo mil planos de fuga, até que um dia voltei, pois tinha que continuar o que havia começado e encontrar o meu Graal.

E tudo isto por causa da cabeça que afundou! Até hoje tenho essa depressão na moleira para lembrar de que quando descuidamos da base (meu útero estava doente), perdemos a conexão com as forças superiores. Conectar-se é estabelecer um elo contínuo de ligação entre corpo, mente e espírito e que pode ser definido como Yoga. Até entender o que isto significava precisei praticar e estudar e ainda não tenho uma opinião formada, apenas um suspiro de satisfação quando abro minha mente e meu coração à perspectiva que o Yoga pode me dar. Muitos querem ver além de si mesmos. Eu ainda estou querendo enxergar onde boto o meu pé, depois de andar sem reparar que já tinha um caminho e ele é feito dos passos que dou.

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