segunda-feira, 28 de junho de 2010

Os redemoinhos do caminho!



OS REDEMOINHOS DO CAMINHO!

Eu estava indo bem, juro! Em 2005, estava dando aulas de Yoga na Chouprana, morando numa casa legal, pensei: “agora eu estou preparada para receber meu filho”, depois de um ano de separação, era certo que ficássemos juntos. Resolvi, então, ir numa amiga que abria tarô. Eu cheguei lá já sabendo o que iria acontecer, pelo menos em parte. A minha primeira pergunta foi sobre se ele ficaria comigo este ano e já estava começando a chorar quando terminei de perguntar. Sabe aquela coisa que falam que coração de mãe não se engana? Pois é, eu já sabia a resposta e o tarô apenas confirmou; em seguida apareceram umas cartas que disseram que eu iria casar e fazer uma viagem para o exterior. Foi aí que comecei a duvidar daquela história. Casar? Morar junto? Depois de quase oito anos sozinha, era improvável, pois estava até me acostumando com a minha companhia. Passei muitos fins de semana sozinha, sem falar com ninguém desde que cheguei a Natal. E na casa nova, eu me sentia muito bem com esta solidão naturalmente imposta pelas minhas escolhas.
E quanto a viajar para o exterior, bom, tive uma oportunidade de ir para o exterior sim, em 1990 e lá vai pedrada. Fui numa excursão para Foz do Iguaçu e no dia que era para atravessar a ponte para o Paraguai, eu fiquei dormindo no hotel. Perdi a única chance de pisar em solo estrangeiro!
Achei tudo improvável naquelas cartas, menos o fato do meu filho não morar comigo. Quer saber, tudo aconteceu! Em 2005 meu filho passou as férias em Natal, no entanto, preferiu voltar para Curitiba. Meu quadril travou de novo, fui parar até na emergência. Motivo? Outro pé na bunda, agora do filhão. Recuperei-me (aparentemente) e em maio de 2005 conheci o que se tornaria meu companheiro e grande incentivador da minha jornada no Yoga. E em 2006 recebi um convite para ir para Noruega dar aulas de Yoga junto com outra professora e neste ano meu filho já estava morando comigo.
Eu só prova viva de que as mudanças estão sempre acontecendo e muitas vezes não estamos atentos. A roda de samsara (a própria vida), que é movida pelas ações e reações da Lei do karma, sempre está girando e ao acreditarmos que não temos escolhas, vamos sendo levados pelo giro da roda, como folhas ao vento. Eu afirmo que sempre temos escolha e que é muito mais “confortável” ser levado e girar no sentido que todos giram, do que ser aquele que faz a roda parar ou girar a seu favor sempre que fizer escolhas conscientes. E lá vai mais um pouquinho sobre a beleza filosófica do Yoga.

A Choupana ou Chouprana?






Um dia veio um aluno com esta pérola: isto aqui não é choupana, é chouprana. Inclusive este aluno só fez uma aula e nunca mais voltou, mas eu achei original e adotei o nome. O lugar que construí com a ajuda de um grande irmão espiritual, um octógono, era praticamente aberto. Entrava vento, brisa, barulho, pregação do evangelho (tinha uma igreja do lado), cheiro de janta, buchada, pipoca, sopa do Eli (por causa do curry), e também prana. Dizem que Natal é o local que mais tem prana porque é considerado um dos ares mais puros do planeta. Então pode ser considerado um lugar ideal para prática de Yoga. Infelizmente a maioria dos moradores desta porta do paraíso, vive sob o domínio dos aparelhos de ar-condicionado que além de condicionar o respirar, condiciona o potencial de saúde dos viventes daqui.

E o prana? Ele está aí contigo, (se estiver num local livre do aparelho que não dá condições de respirar), respire lenta e profundamente, meu inspirado leitor. Sinta seus pulmões sendo preenchidos de energia vital, muito melhor que o simples oxigênio. Solte todo ar, sem pressa, até limpar seus pulmões das toxinas acumuladas por uma respiração curta, sofrível, sem ritmo.

O Prana, com letra maiúscula, é tudo que sustenta a vida em todas as suas expressões, desde a mais simples ameba até galáxias, enfim, tudo que existe no universo conhecido até agora e o que ainda nem conhecemos. E prana pequenininho é o que vem junto com a respiração, com os alimentos puros, com as palavras doces, com as mãos sinceras, com o sorriso franco.

Isso é Yoga. E porque poucos são atraídos para este caminho de paz, saúde e equilíbrio? Porque muitos acreditam que não podem ficar parados, sentem-se mal, parece que o mundo não é o mesmo se eles relaxarem um pouco. Pensam que algo pode acontecer e eles não estarão participando. Isto é maior “piração”, é ser doido legitimado pela sociedade doentia e carente de autopercepção.

Entretanto, muitas almas bondosas (como diria meu grande amigo e jornalista Hare de Natal) frequentaram a Chouprana, durante os quatros anos que ela esteve funcionando. Estas pessoas foram testemunhas do meu início como professora de Yoga, bem como das minhas incertezas, dos meus altos e baixos, mas também das alegrias, dos sonhos e das conquistas. Nem sei quantos alunos eu tive nesta fase do octógono, mas conheci uma figura que, com certeza, poderia dizer, pois passava sempre pela rua do espaço e perguntava para os meninos que cuidavam das casas quantos carros paravam na frente da Casa de Yoga. Até então eu não sabia o quanto a minha presença em Natal criava impressões entre outros instrutores de Yoga, até que um dia fiz um café-da-manhã para me apresentar formalmente a alguns professores e expressar minha gratidão por ter sido bem recebida.

O significado da palavra Yoga é, entre outros, união, ligação e nem sempre este elo é percebido a olhos nus. Somos colocados, através de nossas escolhas e do forte impulso que sempre acompanha aqueles que se entregam ao Dharma (*), em situações que necessitamos aprender a lidar com o desconforto gerado por nossas ações. O Yoga dá consciência do nosso lugar no mundo e todos nós temos este “assento” único o qual precisamos estar para compreendermos o nosso Dharma.

Minha professora já disse que yoga não é para todo mundo, e quem busca esta via de autoconhecimento já trilhou muitas milhas em outras encadernações. Esta palavra “livresca” escutei pela primeira vez da arquiteta da chouprana, uma mulher de grande coração, e hoje gosto de falar encadernações e não encarnações, porque amo os livros e acho que se pudesse escolher a próxima, seria um livro bem escrito, com muitas mensagens significantes e profundas. Diferente deste é claro. Nesta vida estou treinando.

Dharma: é aquilo que deve ser feito, é a pergunta que devemos responder: onde seremos mais úteis?,

A Jornada de uma Heroína ou de uma Menina?



Sou arrogante e se não fosse escreveria sobre outros assuntos e não sobre os acontecimentos da minha vida. Não é que eu ache minha vida interessantíssima a ponto de publicar algumas histórias, mas como meu professor escreveu (mais ou menos) depois de ler algumas delas: “muitas pessoas podem ter empatia com estes textos, já que fazem um resumo das dúvidas e crises que muitos praticantes de yoga passam e, de certa forma, ajudá-los a se posicionarem ante este universo vasto e milenar”. Entretanto, quero evitar em ser tão arrogante assim para compartilhar alguns momentos que fui colecionando desde que decidi vir para Natal. Também conheci muitas figuras interessantes que foram delineando a minha estadia nesta cidade. Elas vão aparecendo de repente, sem ordem cronológica, contornando as paisagens de um diário de bordo que registro no papel, na mente, no coração e que a partir de agora serão de domínio público.

Vou começar com duas declarações, da minha mãe que me deu a vida e da minha professora de yoga que me fez renascer para a vida. Isto colabora para que minha arrogância fique um pouco enjaulada ou menos evidente.

Primeiro: o que minha mãe tem a dizer:

Filha, isto é coisa do demo! (o yoga) Larga disso, você está ficando magra. Você tem uma formação e está jogando tudo fora. Por aí vai, mãe é sempre mãe, não dá para evitar, mas ela tem um pouquinho de razão quando diz que estou ficando magra, aliás, eu sempre fui, ela que nunca se deu conta.

Segundo: o que a minha professora disse quando “surtei” no último dia da formação em Yoga no ano de 2003, porque yogue também surta, mas não conta:

Larga tudo e vai para Natal! Já que eu não cansava de dizer a todo mundo que quando conheci Natal pela primeira vez, em 1998, minha alma ficou presa lá, ou ela já estava e só meu corpo se encontrava no sul, tanto faz.

Lembro-me do momento em que decidi voltar ao nordeste, depois de um fim de semana catártico e de uma das mais difíceis passagens pela noite escura da alma. Larguei tudo e vim para Natal e aí que começa realmente, a passos cambaleantes e “empurrantes” a minha jornada de yoguini nada heroína. Pela segunda vez, agora em 2004, deixei filho, família, trabalho, para o desespero e incompreensão de todos. Como poderia alguém compreender se nem eu mesma entendia o que estava acontecendo?

Já estava em Natal havia três meses, um pouco desiludida com as coisas que não aconteciam, quando levei o meu primeiro pé na bunda, efeito de uma fulminante paixão (eu e minhas paixões!), a qual me motivou fisicamente a fazer algo, já que o pé no traseiro foi sentido fisicamente, iniciando um processo de instabilidade sacro-ilíaca que perdura até hoje (e cujo fim do túnel ainda não dá para ver a luz).

Dizem que até um pé na bunda (vou escrever bunda mesmo, Drumond escreveu, oras!) põe a gente pra frente. Também foi uma experiência gratificante, não é assim que se diz quando passamos por uns maus bocados? Experiência gratificante! Quem inventou esta expressão? O que pode ter de gratificante em levar um pé na bunda? Aliás, tive uma sucessão deles e sei que são os efeitos da lei mais básica da física: toda ação tem uma reação com a mesma intensidade em direção oposta. É a lei do karma, e que no Yoga não significa punição, como muita gente acredita, e sim, uma lei mecânica e que geralmente achamos injusta, só que ela é infalível e inevitável, já que é acionada toda vez que agimos ou pensamos. E como se faz então para não receber de volta tudo que se fez aos outros de forma egoísta? Primeiro: praticando as ações que sejam boas. Segundo: evitando as ações que geram sofrimento. Simples? Nem tanto. Para isso é preciso que você se torne observador atento às suas ações. E já que comecei vou terminar aqui, porque já criei muitas reações e possuo a inútil habilidade de enrolar e que se chama no Yoga de vrttis ou distrações.

Continuando a história, já era maio de 2004, dinheiro curto, medo grande, quadril um pouco fora do prumo, então resolvi trabalhar com massagem, pois não havia conseguido nada melhor para fazer e a coisa já estava ficando difícil pro meu lado. Um dia a dona do espaço de massagem, sabendo que eu me formei em Yoga, perguntou se eu não queria dar aulas numa salinha bolorenta, com uma janela bem pequena e que poderia caber, com muita boa vontade, cinco pessoas. Neste momento percebi que era o que eu tinha que fazer.

No primeiro mês veio um aluno, no segundo mês o segundo aluno, no terceiro mês o terceiro aluno, e aí, sem gozação, olhei para o céu e disse para quem for que estivesse me ouvindo: ou você dá um jeito, porque estou sem grana e preciso sobreviver ou eu volto para o sul! (morrendo de medo de que isto pudesse acontecer). Encostei alguém lá de cima, na parede, ou melhor, no teto do céu, juro!. E parece que funcionou. Depois de três meses já estava com um razoável número de alunos e arrisquei um salto maior: ter o meu próprio espaço, depois, é claro de ter levado outro pé no traseiro, desta vez, estimulado pela minha língua sem travas, pois desferi palavras que nem eu mesma gostaria de escutar, em direção à dona da salinha bolorenta. Foi um momento crucial, pois este foi outro pé na bunda que me fez ir atrás da minha própria história. Quando eu lembro desses “desconfortos traseiros” percebo que meu corpo reage imediatamente e não me permite ficar num ponto parada olhando para o meu desespero.

Decidi, então, alugar uma casa com um terreno grande e construir um octógono. Foi a primeira vez que participo ativamente de uma construção. Não uma construção apenas material e sim, de um sonho que, como disse Fernando Pessoa, poeta português, depois de realizado não mais nos pertence. E foi o que aconteceu: o sonho ficou maior que a sonhadora e teve vida própria, tornando o espaço em um local de muitos eventos, de práticas e estudos do Yoga, de novas amizades e profundas mudanças.

Esta poesia eu escrevi em outra fase da minha vida, na juventude, e percebo que vim para Natal para fazer esta fotossíntese, já que sol é que não falta nesta terra abençoada.

FOTOSSÍNTESE
Sou menina
Às vezes quero caminhar sozinha
Sou mulher
Às vezes quero ser levada na mão
Estou por um fio entre a criança que não conheci
E a mulher que pouco sei
É a falta da boneca que não quis
Precipitando minha adolescência sem seios, sem pelos
Apenas sangrando
Será a estranha transformação precoce de uma menina-moça
Para uma moça menina?
Ou a mulher em botão que tem medo de água
E a falta de sol para fazer sua (foto) síntese de amor?

quinta-feira, 24 de junho de 2010

A Arte de Guerrear ou se Desarmar







Tenho lido sobre o mito do Herói descrito por Joseph Campbell, sinto que os asanas da sequência do guerreiro são a expressão acabada deste mito, a corporificação final da jornada do herói (Parsifal). Não sou mitóloga e nem psicóloga, mas arrisco-me a fazer uma analogia entre entres os asanas e a jornada do herói. Quando este professor argentino mostrou a sequência do guerreiro, que é formada por três asanas (para quem não conhece, são as posturas de Hatha-Yoga e que no final do livro estão desenhadas junto com uma pequena explicação sobre os chakras), eu não anotei, mas ficou em alguma parte do meu corpo o registro, que poderia muito bem ser assim:

O primeiro asana é quando o guerreiro abre o peito e “encara” corajosamente o seu destino ou inimigo, elevando seus braços para mostrar que está ligado com o Céu, mas tem os seus pés bem firmes na Terra. Isto significa que ele é “guiado” por forças superiores (três chakras superiores) que o orientam em seus passos para usar de forma inteligente as forças inferiores (os três primeiros chakras). E o chakra do centro é o caminho do coração. Como Parsifal, ele precisa andar pelos caminhos tortuosos da existência, vencer a dualidade, os pares de opostos, o Bem e o Mal.

No segundo asana, o guerreiro agora se prepara para lançar-se à guerra e arma o arco (Gandiva), direcionando sua mente junto com a lança para o alvo que é todo o objetivo da jornada do herói: encontrar a si mesmo. Este arco se abre em seu peito, que no mito contado por Campbell, equivale à realização espiritual. E é no instante que o guerreiro se arma que a armadura cai, revelando toda a compaixão (iniciando a abertura dos chakras superiores).

E no terceiro asana, já no final da guerra, ele se apóia em apenas uma perna, pois já se encontra firme na Terra e abençoado pelo Céu. Neste momento todo seu corpo se torna uma espada (seus chakras estão alinhados, equilibrados) cortando a ignorância, surgindo a revelação, o Ser, e Parsifal volta ao Castelo do Graal.

Bom, talvez seja um pouco de delírio da minha parte fazer isto e que me perdoe Campbell, Persifal e eruditos, mas sinto que há conexões e talvez esta que mostrei não seja a mais interessante. Contudo, expressa a minha revelação que perdura até este momento, como uma brisa que não cessa de soprar em meu corpo.

Esses dias, relendo o primeiro livro que comprei depois de dois meses em Natal, me surpreendi com os sinais que estava dando a mim mesma, sobretudo em relação ao que estou escrevendo. Estes sinais foram inclusive sublinhados com caneta, como sempre faço nos livros que adoto como partes da minha pessoa apegada. Em vários “alertas” que risquei é mencionada a tal da Jornada do Herói de Joseph Campbell, sem nem mesmo ter lido nada a respeito até escrever este texto, seis anos depois.

Surpreendo-me com estes símbolos do “acaso” de outrora e que hoje expresso nesta jornada que iniciei por caminhos tortuosos como Parsifal, ainda dou passos cambaleantes, não seguro meu arco com firmeza e meu corpo está longe de se tornar uma espada. Mesmo assim resolvi continuar, sabendo que algo já havia modificado dentro de mim depois de ter conhecido este que seria meu condutor numa parte deste caminho de volta ao “castelo” do Yoga.




quarta-feira, 23 de junho de 2010

Entre o Céu e a Terra



O que pode existir entre o Céu e a Terra? Muitos filósofos com certeza já se questionaram e continuarão se questionando. Se houve ou haverá alguma resposta provável a esta indagação, jamais caberá neste finito espaço em que se desenrola a existência. Céu e Terra são apenas imagens para criar um ponto de referência entre a existência limitada que nos encontramos (Terra) e a possibilidade de expansão da consciência (Céu).

Como uma arrogante professora de yoga que me tornei, descobri, pela minha própria arrogância (e graças a ela) o quanto de avidya (ignorância real) ainda existe em meu pensar em relação ao que eu pressupunha “conhecer” sobre o Yoga. E me vi, literalmente, perdida entre o céu e a terra que construí ao longo dos meus estudos e práticas. Uma base não tão sólida, mas que me dava uma “certa vantagem” em relação a quem pudesse vir a ameaçar o meu domínio. Que coisa horrorosa que um professor de yoga (ou qualquer outra pessoa) pode dizer a respeito de si mesmo! Está parecendo uma justificativa das minhas escolhas impensadas ou uma breve purgação dos erros cometidos? Deixando estas distrações (os famosos vrttis) de lado e voltando ao significado disto tudo (e ainda busco um), vou começar esta história sobre Céu e Terra. E foi assim:

Em 2007 fui fazer um curso sobre Anatomia do Yoga com um professor argentino, indicado por uma amiga que já o conhecia e me incentivou a conhecê-lo também. Como eu já era professora de Yoga e há alguns anos não me reciclava, decidi fazer o tal curso. Não sei contar quantas vezes meu queixo caiu, ou minha mente deu nó, ou meu corpo empertigou-se. Só sei que depois deste curso ficou difícil ser a mesma, comigo e com os outros. Minha vontade mesmo era largar tudo e vender água de coco na praia, e já que moro em Natal, seria moleza, não têm concorrência e o lucro é excepcional. Daria para eu virar uma asceta* em um mês. Bom, deixando estas lucubrações e retornando o foco, foi nesse curso que entendi o que é o Céu e a Terra do Yoga.

Aconteceu quando este o professor, na poesia mais precisa que um corpo pode expressar, mostrou a mim e a quem estava aberto, o que era esta conexão Céu e Terra. Saiba que escrevo em 2010, o que eu senti em 2007, para que acreditem quanto certas impressões mentais (samskaras) são saudáveis, pois me recordo e, mais do que isso, sinto, ainda, a volúpia dos asanas (posturas do yoga) que geraram todo este frenesi em meu ser e que me fez perceber uma porta se abrindo em direção ao verdadeiro Yoga. Esta conexão é a sequência do Guerreiro e que vou tentar expressar no próximo texto.

*asceta é alguém que não mora em nenhum lugar, mas gosta de estar na floresta, sem dinheiro, sem roupa, e que vive dos frutos que caem das árvores e da caridade das pessoas. É alguém que não mais compactua com a sociedade em que vive, por livre e espontânea vontade. Para nós, no ocidente, é ser um mendigo.
*samskaras é tudo o que entra na nossa cabeça, na nossa mente, tanto pensamentos bons como ruins, tudo que falam para gente, tudo que vemos, tudo que acreditamos, tudo que sabemos, todo lixo mental que acumulamos sob forma de conhecimento.
*asanas são aquelas posturas que criam expansão em nosso corpo, aumentam nossa energia, alongam nossos músculos, nos dão força e flexibilidade e nos preparam para a jornada do Yoga.

Memória




Escrever sobre a vida é curar feridas

É reviver lembranças infindas

É voltar um pouco naqueles lugares

Com aquelas pessoas

Sentindo os cheiros, os toques, os olhares

É lembrar do que se perdeu (sonhos)

Continuar a amar o que já sofreu (amores)

Escrever a vida em páginas tão resumidas

É uma tentativa feliz de nascer de novo e ser aprendiz.

sábado, 19 de junho de 2010

Porque esse título?

Sou uma aventureira tardia. Descubri depois dos 30 anos que podia andar por aí, sem rumo. E como já disse Sêneca, mais ou menos assim: "para quem não tem direção qualquer vento leva". E foram os ventos da minha insatisfação que me trouxeram a Natal - RN em 2004, pela segunda vez, porque já morei aqui em 1998. Lembro de uma aluna e amiga que me disse que nunca viu ninguém como eu, com uma mão na frente e outra atrás, chegando numa cidade que não conhecia direito, tendo só um conhecido e que em pouco tempo fez a sua história. Eu achei engraçado o que ela disse, porque hoje eu sinto que já tirei uma das mãos, a da frente. E a história que vou contar aqui neste blog é a história daqueles que nem querem fazer história, só querem viver as suas experiências, contar algumas, omitir outras que não foram tão interessantes assim, e continuar andando. Sem rumo? E precisa ter um? Depois de Heisenberg, a incerteza é minha companheira. Quando tenho certeza fico com medo. E se vier o medo, a gente caminha juntos. Então, quem quiser, sinta-se convidado para fazer parte desta caminhada que todos fazemos em direção a nós mesmos.

Mirian