segunda-feira, 28 de junho de 2010

A Choupana ou Chouprana?






Um dia veio um aluno com esta pérola: isto aqui não é choupana, é chouprana. Inclusive este aluno só fez uma aula e nunca mais voltou, mas eu achei original e adotei o nome. O lugar que construí com a ajuda de um grande irmão espiritual, um octógono, era praticamente aberto. Entrava vento, brisa, barulho, pregação do evangelho (tinha uma igreja do lado), cheiro de janta, buchada, pipoca, sopa do Eli (por causa do curry), e também prana. Dizem que Natal é o local que mais tem prana porque é considerado um dos ares mais puros do planeta. Então pode ser considerado um lugar ideal para prática de Yoga. Infelizmente a maioria dos moradores desta porta do paraíso, vive sob o domínio dos aparelhos de ar-condicionado que além de condicionar o respirar, condiciona o potencial de saúde dos viventes daqui.

E o prana? Ele está aí contigo, (se estiver num local livre do aparelho que não dá condições de respirar), respire lenta e profundamente, meu inspirado leitor. Sinta seus pulmões sendo preenchidos de energia vital, muito melhor que o simples oxigênio. Solte todo ar, sem pressa, até limpar seus pulmões das toxinas acumuladas por uma respiração curta, sofrível, sem ritmo.

O Prana, com letra maiúscula, é tudo que sustenta a vida em todas as suas expressões, desde a mais simples ameba até galáxias, enfim, tudo que existe no universo conhecido até agora e o que ainda nem conhecemos. E prana pequenininho é o que vem junto com a respiração, com os alimentos puros, com as palavras doces, com as mãos sinceras, com o sorriso franco.

Isso é Yoga. E porque poucos são atraídos para este caminho de paz, saúde e equilíbrio? Porque muitos acreditam que não podem ficar parados, sentem-se mal, parece que o mundo não é o mesmo se eles relaxarem um pouco. Pensam que algo pode acontecer e eles não estarão participando. Isto é maior “piração”, é ser doido legitimado pela sociedade doentia e carente de autopercepção.

Entretanto, muitas almas bondosas (como diria meu grande amigo e jornalista Hare de Natal) frequentaram a Chouprana, durante os quatros anos que ela esteve funcionando. Estas pessoas foram testemunhas do meu início como professora de Yoga, bem como das minhas incertezas, dos meus altos e baixos, mas também das alegrias, dos sonhos e das conquistas. Nem sei quantos alunos eu tive nesta fase do octógono, mas conheci uma figura que, com certeza, poderia dizer, pois passava sempre pela rua do espaço e perguntava para os meninos que cuidavam das casas quantos carros paravam na frente da Casa de Yoga. Até então eu não sabia o quanto a minha presença em Natal criava impressões entre outros instrutores de Yoga, até que um dia fiz um café-da-manhã para me apresentar formalmente a alguns professores e expressar minha gratidão por ter sido bem recebida.

O significado da palavra Yoga é, entre outros, união, ligação e nem sempre este elo é percebido a olhos nus. Somos colocados, através de nossas escolhas e do forte impulso que sempre acompanha aqueles que se entregam ao Dharma (*), em situações que necessitamos aprender a lidar com o desconforto gerado por nossas ações. O Yoga dá consciência do nosso lugar no mundo e todos nós temos este “assento” único o qual precisamos estar para compreendermos o nosso Dharma.

Minha professora já disse que yoga não é para todo mundo, e quem busca esta via de autoconhecimento já trilhou muitas milhas em outras encadernações. Esta palavra “livresca” escutei pela primeira vez da arquiteta da chouprana, uma mulher de grande coração, e hoje gosto de falar encadernações e não encarnações, porque amo os livros e acho que se pudesse escolher a próxima, seria um livro bem escrito, com muitas mensagens significantes e profundas. Diferente deste é claro. Nesta vida estou treinando.

Dharma: é aquilo que deve ser feito, é a pergunta que devemos responder: onde seremos mais úteis?,

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