quinta-feira, 24 de junho de 2010

A Arte de Guerrear ou se Desarmar







Tenho lido sobre o mito do Herói descrito por Joseph Campbell, sinto que os asanas da sequência do guerreiro são a expressão acabada deste mito, a corporificação final da jornada do herói (Parsifal). Não sou mitóloga e nem psicóloga, mas arrisco-me a fazer uma analogia entre entres os asanas e a jornada do herói. Quando este professor argentino mostrou a sequência do guerreiro, que é formada por três asanas (para quem não conhece, são as posturas de Hatha-Yoga e que no final do livro estão desenhadas junto com uma pequena explicação sobre os chakras), eu não anotei, mas ficou em alguma parte do meu corpo o registro, que poderia muito bem ser assim:

O primeiro asana é quando o guerreiro abre o peito e “encara” corajosamente o seu destino ou inimigo, elevando seus braços para mostrar que está ligado com o Céu, mas tem os seus pés bem firmes na Terra. Isto significa que ele é “guiado” por forças superiores (três chakras superiores) que o orientam em seus passos para usar de forma inteligente as forças inferiores (os três primeiros chakras). E o chakra do centro é o caminho do coração. Como Parsifal, ele precisa andar pelos caminhos tortuosos da existência, vencer a dualidade, os pares de opostos, o Bem e o Mal.

No segundo asana, o guerreiro agora se prepara para lançar-se à guerra e arma o arco (Gandiva), direcionando sua mente junto com a lança para o alvo que é todo o objetivo da jornada do herói: encontrar a si mesmo. Este arco se abre em seu peito, que no mito contado por Campbell, equivale à realização espiritual. E é no instante que o guerreiro se arma que a armadura cai, revelando toda a compaixão (iniciando a abertura dos chakras superiores).

E no terceiro asana, já no final da guerra, ele se apóia em apenas uma perna, pois já se encontra firme na Terra e abençoado pelo Céu. Neste momento todo seu corpo se torna uma espada (seus chakras estão alinhados, equilibrados) cortando a ignorância, surgindo a revelação, o Ser, e Parsifal volta ao Castelo do Graal.

Bom, talvez seja um pouco de delírio da minha parte fazer isto e que me perdoe Campbell, Persifal e eruditos, mas sinto que há conexões e talvez esta que mostrei não seja a mais interessante. Contudo, expressa a minha revelação que perdura até este momento, como uma brisa que não cessa de soprar em meu corpo.

Esses dias, relendo o primeiro livro que comprei depois de dois meses em Natal, me surpreendi com os sinais que estava dando a mim mesma, sobretudo em relação ao que estou escrevendo. Estes sinais foram inclusive sublinhados com caneta, como sempre faço nos livros que adoto como partes da minha pessoa apegada. Em vários “alertas” que risquei é mencionada a tal da Jornada do Herói de Joseph Campbell, sem nem mesmo ter lido nada a respeito até escrever este texto, seis anos depois.

Surpreendo-me com estes símbolos do “acaso” de outrora e que hoje expresso nesta jornada que iniciei por caminhos tortuosos como Parsifal, ainda dou passos cambaleantes, não seguro meu arco com firmeza e meu corpo está longe de se tornar uma espada. Mesmo assim resolvi continuar, sabendo que algo já havia modificado dentro de mim depois de ter conhecido este que seria meu condutor numa parte deste caminho de volta ao “castelo” do Yoga.




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